Governo quer limitar a comissão de promotor que intermedeia crédito para bancos menores. O “pastinha”, um dos personagens mais populares no mercado de crédito, pode estar com os dias contados.
Eles são 50 mil hoje no país e servem como intermediários autônomos entre bancos menores (sem grande rede de agências) e clientes interessados em empréstimos consignados (cujo pagamento é descontado em folha).
Preferem ser chamados de promotores de crédito, mas ganharam o apelido de “pastinha” porque trabalham para várias instituições e, por isso, andam com várias pastas sob o braço.
O problema é que o Banco Central e o Ministério da Previdência, preocupados com o superendividamento das pessoas, querem limitar e diluir as comissões que esses profissionais recebem.
A preocupação é que “pastinhas” mal-intencionados levem clientes ingênuos a “refinanciar” sucessivamente uma dívida tomando empréstimo em outros bancos, para ganhar outra comissão.
Hoje, quando um “pastinha” faz um empréstimo de R$ 1.000, embolsa cerca de R$ 180 (18%) no dia em que sai o dinheiro. Em 2005, chegava a levar 28%.
DOSES HOMEOPÁTICAS
A ideia do BC é limitar a comissão a 10% e fazer com que ela seja recebida em pequenas partes até a quitação da dívida. Por exemplo, se for de 24 meses, o promotor recebe 1/24 todo mês.
A atividade está numa zona cinzenta, que não é totalmente da alçada do BC.
O “pastinha” não é um bancário, mas um “vendedor” de crédito, sendo, aliás, representado pelo sindicato dos comerciários.
Se for aprovada, a mudança prejudicará 30 mil promotores de crédito ligados a empresas, além dos 50 mil autônomos, segundo a Aneps (associação das promotoras de crédito).
Os vendedores ligados a empresas surgiram num movimento de profissionalização das promotoras de crédito, que abriram lojas e investiram no treinamento e na certificação dos funcionários.
Nas lojas, o profissional é contratado, tem salário fixo em torno de R$ 800, mais benefícios, além das comissões.
CERTIFICAÇÃO
Uma resolução do BC exige certificação dos profissionais até 2014 e pede que os pastinhas deixem de atuar dentro das agências bancárias a partir de novembro.
A Aneps diz ter 5.000 profissionais certificados.
Muitos dos antigos “pastinhas” se certificaram e foram trabalhar em promotoras. Os mais bem-sucedidos abriram suas próprias lojas.
Edison Costa, presidente da Aneps, diz que a comissão de 17% é o mínimo para manter os custos de uma loja. Uma parte dela, que representa o lucro, poderia ser dividida em parcelas.
“Aceitamos discutir a diluição das comissões, mas é preciso ter um período de transição. Senão quebra todo mundo”, disse Renato Oliva, presidente da ABBC (associação dos bancos pequenos).
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado TONI SCIARRETTA (SP) NATUZA NERY (DF)